Arte Rupestre junta Portugal e Noruega numa iniciativa bilateral

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Entre os dias 18 e 30 de outubro, realizou-se a primeira ação conjunta da Fundação Côa Parque (Portugal) e do Alta Museum (Noruega) no âmbito da iniciativa bilateral Rock Art Heritage.

Três membros da equipa do Côa estiveram entre os dias 18 e 22 de outubro em Alta e outros tantos membros da equipa do Alta Museum estiveram no Vale do Côa entre os dias 25 e 30 do mesmo mês.

Esta atividade da iniciativa Rock Art Heritage and Landscape as key vector to the European cohesion teve como objetivo a troca de experiências relativas às práticas de gestão, conservação e divulgação da arte rupestre que se levam a cabo nos dois locais, ambos inscritos na Lista do Património Mundial e maioritariamente compostos por arte rupestre produzida por comunidades de caçadores-recoletores, se bem que de diferentes períodos.

A maior parte da arte do Côa é de cronologia pleistocénica (anterior há 12.000 anos), centrando-se a de Alta entre os 9.000 e os 2.000 anos atrás.

Como no caso do Côa, a arte de Alta dispersa-se por diversos sítios:

  • no Côa essa dispersão dá-se ao longo do rio e em Alta em torno da cabeceira do fiorde epónimo;
  • ainda, como no caso do Côa, Alta situa-se longe dos centros de decisão do país, localizando-se acima do Círculo Polar Ártico, que se encontra à latitude de 66º 33’ 44 (Alta situa-se a 69º 58’ 36’’). Trata-se, no entanto, de uma zona muito procurada pelos turistas, quer em rota para o Hammerfest – o limite setentrional da Europa —, quer os que ali se dirigem em cruzeiro, para praticar desportos de Inverno ou para vislumbrarem a aurora boreal.

A equipa portuguesa foi recebida com grande hospitalidade pelos colegas noruegueses. Visitaram-se seis sítios, assim como o Museu (área de exposições e backstage), ouviu-se uma conferência sobre a instituição, a sua estrutura, objetivos, funcionamento e desafios mais prementes. Infelizmente, dado início do Inverno, uma parte das rochas visitadas — sobretudo as que se encontravam mais distantes do mar — estavam cobertas de neve, pelo que apenas se vislumbraram pequenos sectores da superfície que os nossos anfitriões libertavam da neve.

Da parte portuguesa ofereceu-se a todos os colegas do Alta Museum três conferências sobre o Côa, nas vertentes da gestão, da arte rupestre e do seu contexto arqueológico.

Procurou-se no Côa retribuir a hospitalidade, tendo os três membros da equipa do Alta Museum que aqui estiveram visitado seis sítios e o Museu (área expositiva e backstage). Organizou-se ainda uma vista na embarcação movida a energia solar, assim como uma sessão aberta a toda a equipa do Vale do Côa, onde os colegas noruegueses deram a conhecer o sítio onde trabalham, a instituição que o gere ou as diversas estratégias que utilizam para atrair públicos (designadamente em idade escolar).

Durante este intercâmbio foi possível não só visitar alguns dos sítios de arte rupestre de cada um dos conjuntos, como ao mesmo tempo se partilhou experiências, identificou problemas comuns e possíveis soluções para problemas específicos de cada um dos sítios.

Sobretudo, fortaleceram-se os laços que unem os dois sítios enquanto conjuntos rupestres ao ar livre criados por comunidades de caçadores-recolectores e abriram-se portas para a prossecução de futuros projetos em comum, quer no âmbito científico, quer no da preservação e gestão do património rupestre ao ar livre.