DigiKids 0-3: Conheça os resultados e recomendações desta iniciativa

DigiKids 0-3: Conheça os resultados e recomendações desta iniciativa

A iniciativa "DigiKids 0-3: uso de dispositivos com ecrã por crianças até aos 3 anos: As perspetivas e práticas", financiada pelo Fundo de Relações Bilaterais, terminou em dezembro. Conheça os resultados e recomendações do estudo realizado em Portugal.

A iniciativa "DigiKids 0-3: uso de dispositivos com ecrã por crianças até aos 3 anos: As perspetivas e práticas" teve como objetivo conhecer utilização de tecnologias digitais com ecrã tátil por crianças até 3 anos, incidindo no estudo das práticas e perceções de pais e de educadores de infância.

Para este efeito, foi reproduzido em Portugal um estudo realizado na Noruega que incluiu duas fases de recolha de dados:

  • a primeira, quantitativa e consistiu num inquérito online a pais de crianças até 3 anos;
  • a segunda, qualitativa e incluiu entrevistas a Diretores de instituições educativas (públicas e privadas) que incluíam berçário e creche e entrevistas a educadores de infância que trabalham em creche.

Os resultados deste estudo foram publicados num ebook, que pode ser acedido aqui 

Um dos outputs do projeto foi um seminário online que contou com a presença dos investigadores noruegueses, onde foi possível falar-se da iniciativa e discutir os resultados comentados de seguida pelos participantes.

Outro dos outputs foi a realização de workshops para educadores de infância que transmitiram o benchmarking realizado.

Foi também possível, através desta iniciativa, a criação de redes de investigação sólidas que originem projetos colaborativos futuros.

Como principais resultados, refira-se que, embora a investigação nesta área demonstre que as crianças começam a usar dispositivos digitais cada vez mais cedo, a maioria das famílias inquiridas afirma que os filhos não usam qualquer dispositivo digital.

Há também vários casos em que as crianças os usam ocasionalmente, sobretudo os smartphones dos pais, mas os casos de utilização regular são poucos.

Os pais têm perceções mistas sobre a possibilidade de os seus filhos usarem dispositivos digitais, reconhecem potencial para a aprendizagem mas também temem consequências negativas de uma exposição excessiva, e por isso tentam evitar essa utilização por crianças tão pequenas, ou que seja muito reduzida.

A grande maioria dos Diretores/coordenadores pedagógicos de jardins de infância e dos educadores de infância a trabalhar em creche, que responderam ao questionário, afirmam que estes dispositivos não são usados em sala de atividades. Por vezes isso deve-se a falta de recursos, mas é principalmente devido à convicção da maior parte destes profissionais de que essa prática é prejudicial para crianças tão pequenas.

As perceções dos profissionais desta área relativamente ao uso de dispositivos com ecrã com as crianças em sala de atividades são predominantemente negativas. Fundamentam essa visão em estudos científicos e na formação que receberam, e também na sua experiência com crianças, na qual consideram que observam mais efeitos negativos de práticas digitais excessivas - sobretudo no lar - do que efeitos positivos. Como consequência, são poucas as práticas com dispositivos com ecrã táctil nas salas de atividades destas creches. Ainda assim, nos poucos casos identificados, a equipa aferiu que o tablet é a ferramenta preferencial para uma utilização diversificada, com atividades que incluem as crianças, para registo das atividades diárias, e para manter a comunicação com os pais.

Como recomendações, a equipa da Católica, promotora da iniciativa considera importante uma revisão dos planos de estudo da formação inicial de primeiro e, especialmente, de segundo ciclo na área da Educação de Infância de modo a incorporar formação relativa à mais valia da utilização de tecnologias digitais na creche, para que os educadores de infância possam formar a sua opinião a partir de fontes de informação mais diversificadas e atualizadas, conhecendo assim práticas de uma utilização digital com intencionalidade educativa, dando também conselhos úteis aos pais de uma utilização consciente e segura. Ao invés de assumirem como sua “missão” equilibrar a presença dos dispositivos digitais na vida das crianças, excluindo- os da sala de atividades porque são usados em excesso no lar, os educadores de infância podem desempenhar um importante papel pedagógico junto das famílias, mostrando-lhes como estas tecnologias devem ser integradas no quotidiano das crianças, de forma moderada, segura e com um propósito, suportando o seu desenvolvimento e bem-estar.

Sobre a iniciativa Digikids 0-3, financiada pelo Fundo Relações Bilaterais dos EEA Grants pode ter mais informações Aqui