O FILMar junta-se ao DocLisboa

Nazaré Foto Notícia Cinemateca PDP2

O FILMar junta-se ao DocLisboa para um programa onde o mar é cenário e personagem de filmes

O projeto FILMar, operacionalizado pela Cinemateca Portuguesa no âmbito do Programa Cultura EEA Grants Portugal vai ter um dia especial na 21ª edição do DocLisboa, que começa hoje e se estende até ao final do mês.

Segunda-feira, 25 de Outubro é dia de celebrar O MAR NO CINEMA, com um programa pensado para cruzar os profissionais do cinema, os públicos e os arquivos da Cinemateca Portuguesa e do Norsk FilmInstitutt, parceiro neste projeto que, até 2024, tem a missão de digitalizar e promover o cinema relacionado com o mar. De manhã, vários profissionais da indústria do cinema visitarão o Arquivo Nacional das Imagens em Movimento, onde está instalado o laboratório onde uma equipa especializada se dedica à identificação, preparação e restauro dos filmes portugueses que compõem o grande arquivo à guarda da Cinemateca e que constitui a base de trabalho e pesquisa do FILMar. À tarde, tempo para o debate, com a presença do documentarista e crítico norueguês Truls Lie, e do investigador Pedro Martins, do Instituto de História Contemporânea da Universidade Nova de Lisboa, que refletirão sobre as memórias e o impacto das imagens que o mar ajuda a contruir, nas suas mais diversas componentes, do turismo à indústria, da pesca às tradições culturais. O dia encerra com uma sessão que junta duas estreias mundiais, exemplos do trabalho de restauro que as duas cinematecas desenvolvem. NAZARÉ, PRAIA DE PESCADORES, de Leitão de Barros, realizado em 1929, e filme que antecéu MARIA DO MAR, apresentado em Junho, em pré-abertura do projeto FILMar, regista a transformação de uma paisagem e das suas comunidades. FISHING FOR ATLANTIC HERRING OUTSIDE AALESUND, realizado por Hans Berge a bordo de um barco de pesca de arenque no mar norueguês, guarda a memória de práticas piscatórias confundidas com o início do cinema enquanto ferramenta etnográfica e antropológica. É um raro documento filmado em condições que se imaginam extremamente difíceis, e um exemplo de como Portugal e a Noruega partilham um mesmo património.

Nesse sentido, ambos os filmes terão acompanhamento musical do pianista e compositor Filipe Raposo, a quem a Cinemateca encomendou uma partitura original para NAZARÉ, PRAIA DE PESCADORES, cuja primeira audição pública será, precisamente, neste dia dedicada ao mar no cinema. A sessão fica completa com dois filmes que, de modos diferentes, dialogam com aqueles que se apresentam em cópias novas. CASCAES, de Amélia Borges Rodrigues (1937), é um raro filme de uma realizadora, inadvertida pioneira do cinema documental português, que regista, em amplo contraste com a humildade e dificuldades do povo nazareno, a vida do Presidente da República e da vila de Cascais, no final da década de 1930, enquanto TIN SARDINES, atribuído ao profícuo Leitão de Barros, mostra o processo de industrialização conserveira, destino natural da pesca da qual o filme norueguês que apresentamos é exemplo. Ambos acessíveis através da Cinemateca Digital, fazem parte do amplo acervo de título ao qual o FILMar se dedicará ao longo dos próximos anos, devolvendo às comunidades a sua história comum.

O programa completo, bem como os detalhes sobre os filmes e intervenientes no debate, podem ser consultados em https://doclisboa.org/2021/filmar-e-doclisboa-o-mar-no-cinema-25-de-outubro/ .