O Instituto Nacional de Estatística (INE) realizou a segunda edição do Inquérito à Fecundidade (IFEC) que integra o Projeto Sistema Estatístico Nacional sobre Igualdade de Género, financiado pelos EEAGrants, e do qual o INE é promotor de projeto.
A informação a obter permitirá reforçar a Base de Dados de Género, de modo a garantir a disponibilidade de dados sobre o conjunto de razões para o baixo número de nascimentos em Portugal, nomeadamente desigualdades de género no mercado de trabalho e desequilíbrios no seio das famílias. Enquanto relevante instrumento de apoio à definição e avaliação de políticas relacionadas com a família e a natalidade, os resultados deste inquérito deverão contribuir para aumentar a conscientização sobre o urgente problema demográfico, bem como apoiar a formulação de políticas públicas.
Este inquérito foi realizado entre setembro de 2019 e fevereiro de 2020, junto de uma amostra de mulheres e homens. O número total de entrevistas conseguidas foi 7 709: 5 178 mulheres com idade dos 18 aos 49 anos e 2 531 homens dos 18 aos 54 anos. A disponibilização dos primeiros resultados do IFEC está prevista para dezembro de 2020.
O Projeto Sistema Estatístico Nacional sobre Igualdade de Género, que compreende três atividades, tem como objetivo principal melhorar a Base de Dados de Género, de forma a que todos os utilizadores e a sociedade em geral disponham de um sistema estatístico sobre igualdade de género mais abrangente, com informação em várias dimensões da (des)igualdade entre mulheres e homens.
A primeira atividade relaciona-se com a revisão, atualização e melhoria do conteúdo e abrangência da Base de Dados de Género, incluindo uma plataforma para mapear dados relevantes do ponto de vista da igualdade de género, tendo por referência as melhores práticas a nível internacional, de outros Institutos de Estatística e de organizações internacionais, nomeadamente, o Instituto Europeu para a Igualdade de Género (EIGE).
A segunda atividade refere-se ao desenho e implementação do Inquérito à Fecundidade, cuja recolha de dados já foi realizada.
A terceira atividade refere-se ao desenvolvimento de um relatório sobre metodologia e soluções tecnológicas a adotar num futuro Inquérito ao Uso do Tempo. As desigualdades na distribuição do tempo assumem uma grande importância do ponto de vista das políticas públicas. Neste sentido, é considerado uma importante fonte de dados para medição da distribuição do tempo, em particular numa perspetiva de igualdade de género, incluindo tempo de trabalho pago e não pago, trabalho voluntário, novas formas de trabalho, participação nas tarefas domésticas diárias, cuidados a descendentes e ascendentes, tempo gasto em deslocações, uso de transportes, tempo de lazer e cultura, equilíbrio entre o trabalho e a vida familiar, uso de tecnologias, solidão e isolamento, bem como elementos relativos à qualidade de vida, incluindo a sua perceção subjetiva.
Atendendo à crescente necessidade deste tipo de dados, ao facto de o INE não realizar um inquérito desta natureza desde 1999, e à necessidade de utilizar novas ferramentas e tecnologias inovadoras, o INE irá colaborar, nesta ação, em estreita cooperação com o Instituto de Estatística da Noruega, beneficiando da sua experiência na recolha de dados aplicando ferramentas inovadoras.
Está ainda em fase de preparação o microsite sobre os resultados do projeto, a ser disponibilizado no portal do INE.