O projeto reuniu instituições de Portugal, Noruega e Islândia. Implementada pelo CIIMAR em Portugal, pela Nord University na Noruega e pela Universidade da Islândia, esta iniciativa envolveu também comunicadores de ciência da Escola de Ciência Viva do Parque Biológico de Gaia, Portugal.
Focado em aprofundar o nosso conhecimento sobre os mecanismos de adaptação das espécies marinhas às mudanças ambientais, o Adaptchange centrou-se em três pilares fundamentais: cooperação técnica através da implementação de um projeto investigação conjunto, capacitação e transferência de conhecimento através da organização de cursos, e atividades de divulgação científica visando a conservação da biodiversidade dos nossos oceanos.
O projeto de investigação teve como principal objetivo o estudo de dos mecanismos de adaptação de gastrópodes no meio intermareal, nomeadamente da espécie Littorina obtusata, nos extremos latitudinais da sua distribuição. Análises fenotípicas preliminares das amostras recolhidas na Islândia, Noruega e Portugal revelaram mudanças interessantes no formato da concha, provavelmente influenciadas pela predação de caranguejos e/ou variações de temperatura. Análises genéticas estão agora a ser conduzidas de modo a caracterizar a base genética da fenotípica observada.
A implementação do Adaptchange resultou também na organização de três cursos técnicos que abrangeram a análise de dados genómicos, dinâmica eco-evolutiva durante as alterações ambientais e a adaptação às alterações climáticas. Estes cursos contribuíram para a transferência de conhecimento, tendo contado com a participação de cerca de 100 estudantes e investigadores.
O projeto estendeu-se também às escolas, através de organização de exibições e realização de experiências interativas que contaram com cerca de 350 participantes em diversas atividades de divulgação sobre conceitos evolutivos, as consequências das alterações climáticas e a urgência de salvaguardar a biodiversidade marinha.
O projeto levou à coleta de amostras e dados, culminando numa dissertação de mestrado, antevendo-se ainda, no próximo ano, a publicação de um manuscrito numa revista científica. Finalmente, um relatório baseado nas conclusões do projeto encontra-se agora em fase de preparação, e deverá estar acessível a organizações e agências de conservação até o final de 2023.
Com base neste sucesso, os participantes na rede de colaboração científica estabelecida durante o Adaptchange pondera submeter um projeto de investigação conjunto centrado no estudo da dinâmica eco-evolutiva durante as alterações climáticas a nível intercontinental.