As argamassas tradicionais do Forte de Paimogo: constituição, comportamento, replicação

As argamassas tradicionais do Forte de Paimogo: constituição, comportamento, replicação

O projeto "Forte das Memórias do Paimogo" promovido pela Câmara Municipal da Lourinhã visa a salvaguarda e revitalização do Forte de Paimogo.

No âmbito do projeto “Forte das Memórias do Paimogo” financiado pelo Programa Cultura - EEA Grants Portugal, está prevista a conservação do edifício do Forte de Paimogo, respeitando a autenticidade do monumento e preservando como memórias da própria construção. Nesse sentido, uma das primeiras tarefas realizadas foi uma avaliação do estado de conservação do edifício do Forte e uma análise dos materiais originais.

Sob os revestimentos atuais, iluminados de uma intervenção recente, encontram-se abóbadas de tijolo cerâmico maciço e paredes de alvenarias antigas, feita com pedra das pedreiras locais e cal cozida nos fornos artesanais da região, assim como vestígios dos revestimentos originais. A equipa do LNEC recolheu, das argamassas e analisou-as, tal como de argamassas de assentamento do piso térreo, cedidas pela equipa dos arqueólogos que fez o levantamento das estruturas do monumento. Essas argamassas foram consideradas a uma bateria de ensaios mineralógicos, químicos, microestruturais, físicos e mecânicos, onde foram reveladas as respetivas composições, nomeadamente das argamassas de revestimento, de juntas e de assentamento de piso: são em todos os casos argamassas de cal aérea e areia siliciosa e calcária, com traços em cal variáveis, conforme o tipo de argamassa, entre 1: 1,5 e 1: 4 (proporções cal: agregado, em massa). Como características particulares, destaca-se o traço muito mais rico em cal do que é habitual noutros tipos de construções antigas ou mesmo nos trabalhos de conservação atuais, a ausência de argila no agregado e elevada resistência mecânica especificada, entre 2,5 e 5, 0 MPa à compressão, contrastando com os valores obtidos em argamassas de cal aérea mais recentes.

Com base nas composições e nas características das características das argamassas originais, e tendo também em conta as matérias-primas da região, estão a ser testadas, para aplicação nos trabalhos de conservação, formulações de argamassas com base em cal aérea, cujo comportamento tem vindo a ser avaliado em laboratório e em exposição às condições climáticas locais.

Veja no slideshow abaixo, algumas imagens da avaliação do estado de conservação do Forte e da análise dos materiais originais.