Em 1896 já se filmava o mar na Boca do Inferno

Em 1896 já se filmava o mar na Boca do Inferno

A Sea Cave Near Lisbon, será o mais antigo registo identificado nos arquivos da Cinemateca como estando diretamente relacionado com o mar.

A reabertura das salas da Cinemateca Portuguesa – Museu do Cinema, em Lisboa, far-se-á, a 19 de abril, com um ciclo que celebra a presença do mar no cinema europeu, no âmbito da programação cultural da Presidência Portuguesa da União Europeia.

O ciclo, genericamente intitulado OS MARES DA EUROPA, inicialmente programado para o início de 2021, inclui títulos realizados em vários países e, naturalmente, filmes portugueses aos quais o FILMar se dedicará nos próximos três anos.

Mas, a curiosidade maior desta sessão de pré-anúncio do que poderemos ver a partir de maio, encontra-se num dos mais remotos exemplos do interesse que o cinema sempre teve pelo mar e, em particular, no mar português. 

A Sea Cave Near Lisbon, será o mais antigo registo identificado nos arquivos da Cinemateca como estando diretamente relacionado com o mar.  

Esta produção inglesa, datada de Outubro de 1896, quando o cinema não tinha ainda um ano, mostra-nos, em todo o seu esplendor mágico e misterioso, a gruta identificada como Boca do Inferno, no concelho de Cascais. Realizado por Henry William Short, dura apenas um minuto e nele vemos a força das ondas no embate com as rochas, num plano geral que abre sobre o horizonte, na altura saudado como “uma das mais belas realizações sobre o mar a que pudemos assistir”. Referiam-se “as ondas de espuma [que] embatem nas rochas, há nuvens de gotículas que se espalham no espaço, a grandeza e a beleza da ação são marcantes”.  

Integrando um filme maior, composto por catorze secções, genericamente intitulado A Tour of Spain and Portugal, e realizado por Robert W. Paul, foi produzido pela empresa rival dos franceses irmãos Lumière que, no final de 1895 haviam apresentado os seus filmes, em Paris. A sessão, que inclui ainda La Mer (Baignade em Mer), dos irmãos Lumière (1895) e Finis Terrae (Jean Epstein, 1929), contará com acompanhamento ao piano por João Paulo Esteves da Silva, e integra-se no programa cultural da Presidência Portuguesa da União Europeia 2021.

 

Assista aqui a um excerto do filme.