Porto Santo lança sistema pioneiro de Gestão Comunitária para Recolha de Embalagens PET

Porto Santo lança sistema pioneiro de Gestão Comunitária para Recolha de Embalagens PET

Sistema de depósito com retorno ao consumidor é o primeiro no país cujo sistema de recompensa é totalmente financiado por estabelecimentos comerciais.

37 entidades de comércio e restauração da ilha do Porto Santo aderiram à iniciativa, que procura testar novos modelos de incentivo aos sistemas de tara recuperável para ultrapassar quebras na adesão verificadas em vários modelos nacionais após o término dos contratos de financiamento pelo Estado.

A ilha do Porto Santo, na Madeira, inaugurou a sua primeira máquina para recolha de embalagens PET, num sistema de retorno pioneiro por ter o sistema de recompensas totalmente financiado por estabelecimentos comerciais, sem incentivos do Estado. Esta máquina foi financiada pelo Programa Ambiente do Fundo EEAGrants, enquadrado no projeto ‘Porto Santo sem Lixo Marinho’. Os utilizadores recebem vales de desconto ao colocar embalagens PET de bebidas na máquina de devolução instalada numa das lojas Pingo Doce (Vila Baleira), apoiante da iniciativa, a serem usados nos estabelecimentos aderentes e que auto-financiam o valor descontado nos produtos adquiridos.

“Este é um sistema inovador no contexto nacional. Têm sido verificadas grandes quebras de adesão dos estabelecimentos privados nos sistemas que são temporariamente financiados pelo Estado. Com esta iniciativa pretendemos trabalhar em contacto direto com a comunidade local e com os estabelecimentos comerciais do Porto Santo, garantindo co-responsabilização na redução do uso e no aumento da reciclagem dos resíduos plásticos, que muito têm contribuído para a poluição no Arquipélago da Madeira”, explica Ângela Morgado, Diretora Executiva da ANP|WWF, Organização Não Governamental de Ambiente promotora do projeto Porto Santo Sem Lixo Marinho, no qual se insere o lançamento deste sistema pioneiro. 

 

Envolvimento da comunidade local pela redução do uso de plásticos.

Para além da máquina para recolha de embalagens PET, um consórcio constituído pela ANP|WWF, a AIDGLOBAL, a Água e Resíduos da Madeira, a Câmara Municipal do Porto Santo e a ARDITI – com o apoio da WWF Noruega, da Secretaria Regional do Ambiente e Alterações Climáticas e do Pingo Doce – estabeleceu várias ações de sensibilização da população residente no Porto Santo e definiu um Plano de Gestão Comunitário que se desenvolve até 2025 e que tem sido fundamental para definição e acompanhamento de compromissos na gestão e redução do lixo marinho originado na ilha do Porto Santo. 

Aqui, estabelecimentos comerciais, pescadores, comunidades educativas, administrações e poder político dialogam em sessões públicas de auscultação e na assinatura de compromissos transformacionais no que toca à redução do uso de plástico descartável e ao aumento das metas de reciclagem. Nesta linha de atuação comunitária, alunas e alunos das escolas de ensino básico do município do Porto Santo serão “fiscalizadores” dos compromissos da autarquia e dos estabelecimentos comerciais, num processo educativo que pretende formar cidadãos ainda mais conscientes face ao flagelo da poluição por plástico.

“Queremos que o Porto Santo se mantenha na linha da frente para travar a fuga de plástico para o Oceano. Todos temos a responsabilidade de contribuir para a redução do plástico de uso único e o nosso município tem uma preocupação enorme em garantir as melhores práticas para preservar a biodiversidade da ilha do Porto Santo e do Oceano que a rodeia”, considera Nuno Filipe Melim Batista, presidente da Câmara Municipal do Porto Santo.

Amílcar Gonçalves, Presidente do Conselho de Administração da ARM – Águas e Resíduos da Madeira, S.A., reforça que “a ilha do Porto Santo tem o potencial para se desenvolverem estes projetos inovadores e sustentáveis, que contribuem para a preservação da Região da Madeira. O envolvimento da comunidade do Porto Santo, sobretudo dos 37 empresários que aderiram ao projeto, é para nós o mais notável desta iniciativa, porque de facto temos todos um papel preponderante neste caminho rumo à sustentabilidade”.